quinta-feira, 8 de julho de 2010

Dialogar sobre Ética e Civilização

             Que palavra tão pequenina na pronúncia e tão grandiosa em direções pode nos deixar mais confusos diante da vida e do mundo, que a palavra Ética. Sempre quis saber um pouco mais sobre como as pessoas a interiorizam e em seus pensamentos a reformulam , para assim, a exteriorizarem através de atitudes nas relações que estabelecem posteriormente com outros.
            A minha preocupação em colocar este tema, não se refere à justificativas em relação ao seu significado, mas sim ao quanto ela é importante para mim e para você, que agora lê estas linhas, no sentido de como são nossas atitudes influenciadas por ela. Se existe uma ética que vêm de fora, ela é uma ética imposta pela civilização, religião ou ideologia? Se ela vêm de dentro, algo existente em nós como uma essência, pronta desde nosso nascimento ou desenvolvida ao longo de nosso crescimento com o viés individual e / ou o viés patriarcal familiar / sociedade nos connduzindo? O que vocês acreditam ser? O que nos conduz?  
            Particularmente acredito que a ética é induzida de diversas formas, e graças à Deus que sim, pois se ela não estivesse na grande maioria das pessoas, sinceramente lhes digo que nossa civilização já teria deixado de existir. Minha opinião é que ela nos é interiorizada desde nosso nascimento. Posso afirmar que ela nos é dada, concedida, por aqueles que possuem a função materna / paterna diante de nós, àqueles que cuidam e ajudam em nosso desenvolvimento geral. Estes tem o dever de introduzir ela em nós. Se saírmos às ruas à realizar uma pesquisa sobre este tema, independente da quantidade de pessoas, muitos ouvirão esta palavra e a associarão com Educação. Digamos que tenha à ver, mas ter ética é muito mais que ter / receber educação. Você pode ser ensinado e aprender a agir de uma determinada maneira "certa ou errada", "boa ou ruim", mas o que irá lhe conduzir a uma determinada atitude e à pesar sobre ela depois de realizada, será a ética. 
           Para Spinoza (Ética, p. 13, 2008) "ser livre é existir exclusivamente pela necessidade de sua natureza e que por si só é determinada a agir (...) e ser coagido é ser determinado por outro a existir e a operar de maneira definida e determinada.". Daí surge a pergunta, relacionada à liberdade da ação: Somos realmente livres? Até que ponto temos liberdade de ação e onde começa a indução da civilização? Não podemos negar, o que Spinoza explícita em seu livro, que sob um olhar mais atento, não somos livres de forma alguma, e sim somos desde nosso nascimento determinados por Deus a existir e por outros por toda a nossa vida, coagidos, a operar de maneira definida e determinada, e quando nos desviamos por um só momento do que nos é proposto como sendo o certo, o bom, o perfeito, nos vêm as conseqüências e destas não podemos fugir, pois quando fugimos de uma sentença estipulada pelos homens, ainda nos sobra a sentença dada pela nossa consciência a partir do momento que tomamos conta dela. 
           Não irei aqui fugir do assunto que me propus a dialogar, mas irei comentar alguns outros autores que falam sobre esta coação que o indivíduo vive. Não levando para o lado crítico desta coação, como sendo de alguma maneira imposta erroneamente, mas sim mostrando através de seus conceitos a necessidade de ela ser imposta. Esses autores seriam Sigmund Freud em seu livro "O Futuro de uma Ilusão, o Mal-Estar na Civilização e outros trabalhos - Volume XXI" (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud) e Herbert Marcuse em seu livro "Eros e Civilização - Uma Interpretação Filosófica do Pensamento de Freud. Dois pontos importantes a serem discutidos. Este tema é muito extenso, aqui se dá, o início do que eu gostaria de debater com vocês, através de relatos sérios, para assim darmos continuidade. Agradeço desde já a atenção, o interesse e aguardo ansiosamente por suas visitas.